Traços de vida do Fundador

O Padre Manuel Antunes nasceu em Marrazes, Leiria, a 2 de Dezembro de 1906, duma família, toda ela, de profundas raízes cristãs. Os seus pais Manuel Antunes e Maria de Jesus Fonseca, educaram 11 filhos (5 sacerdotes, 2 religiosas e 4 casados), transmitindo o exemplo duma prática cristã coerente com a vida quotidiana.

De facto, o Padre Manuel Antunes ter-se-ia deixado influenciar com o ambiente da família numerosa em que cresceu, onde seria característico:

• o acolhimento e ajuda aos que precisavam;
• o respeito, a ordem ,a pontualidade e o amor ao trabalho;
• o cumprimento do dever, o sacrifício para valer a quem pedia serviços;
• a oração em família, em especial a devoção a Nossa Senhora.

Neste ambiente fecundo de vivência familiar, formou a sua personalidade forte e exigente. Daí germinaria a sua grande preferência pelos mais pobres, pelos desfavorecidos da sociedade, a sua capacidade de acolher e sentir com os outros, a sua preocupação com as famílias sem condições para educar os filhos.

Teria sido com o exemplo de uma mãe sempre confiante na Providência de Deus, e de uma família assente no amor à Igreja, que o Pe. Manuel alicerçou, mais tarde, uma enorme confiança em Deus, que veio a ser o esteio da sua vida.

Entrou para o Seminário de Coimbra a 21/09/1918, quando já tinha 12 anos. Foi ordenado Presbítero por D. Manuel Luís Coelho da Silva a 07 /04 /1929. Já então, era, desde 1928 Perfeito do Seminário, onde permaneceu, tendo em 1931, sido nomeados professor de latim e geografia. Em 25 /06/1934, foi nomeado coadjutor da então paróquia de S. José.

Depois, em 23 de Outubro de 1936, continua a sua missão de pároco na freguesia da Sé Nova, Coimbra. Toda a sua vida de pároco foi orientada por um grande zelo apostólico, revelando também capacidade organizativa e principalmente o carisma de um grande director espiritual de grande profundidade.

À igreja da Sé Nova afluíram pessoas de toda a cidade e até da Diocese e não eram só estudantes universitários, nem leigos comprometidos, mas também pessoas dos meios humildes que aproveitavam os seus conhecimentos e vivência espiritual. Foi notável a assistência espiritual que dedicou às chamadas "criadas de servir" um grupo social grande e que hoje não existe. Bem como às jovens das famílias operárias que na Casa de Trabalho tinham a possibilidade de se profissionalizar na arte de costura e bordados.

A revolução pastoral produzida na população da "Alta", então fortemente povoada, foi extraordinária. A Sé Nova quase vazia de fiéis, passou repentinamente a ser frequentada por pessoas de todas as condições sociais. É que o Padre Manuel Antunes foi o pioneiro de novas conceções pastorais no seu tempo, imprimindo um ritmo verdadeiramente espantoso à evangelização da Paróquia.

Pelas freguesias por onde passou, além das já atrás citadas, Santa Cruz em 1955,

Praia de Mira em 1967, foi sempre pastor incansável, deixando o rasto da sua bondade, do seu amor aos mais necessitados e principalmente o exemplo da sua fé e amor à Igreja.

A Conchada foi um dos locais da freguesia de Santa Cruz, que mais despertou a atenção do Padre Manuel Antunes. Naquele tempo, o estatuto de pobreza era visível nas habitações degradadas, na população muito carenciada que impressionou o espírito sensível do então Pároco de Santa Cruz e desde logo estabeleceu planos para a construção do Centro de Bem Estar Social da Sagrada Família.

O Padre Manuel Antunes tinha uma grande sensibilidade ao sofrimento alheio, um grande amor a Deus e à Igreja que o levou a procurar as respostas concretas para minorar os casos de miséria que eram flagrantes em algumas zonas da cidade de Coimbra. O seu ângulo de visão incidiu essencialmente na educação integral da criança, como meio para transformar as famílias mais disfuncionais. Era um homem essencialmente prático, não precisava de muito para intuir o que era urgente.

Muitas eram as famílias da Baixa de Coimbra, Pedrulha e Conchada que não tinham oportunidade de proporcionar aos seus filhos, férias à beira mar. O Padre Manuel Antunes sonhou construir uma casa que desse apoio já não às colónias de férias, mas também às acções de formação humana e espiritual, que servissem a nível de todo o país. O sonho pouco a pouco tornou-se realidade a assim surgiu a Casa de Repouso da Sagrada Família na Praia de Mira.

Nada lhe mete medo, a sua grande confiança na Providência de Deus fá-lo avançar correndo muitos riscos, mas corajosamente vai vencendo os obstáculos.

O seu zelo pastoral veio a culminar na fundação do Instituto Secular da Sagrada Família, ao serviço do qual dedicou os últimos anos da sua vida. A intenção do P. Manuel Antunes ao pensar no Instituto Secular da Sagrada Família, surge da existência de um vasto campo de missão e evangelização.

Pretendia formar verdadeiras leigas cristãs que no meio do mundo, fossem sal e fermento, sinais dos valores de Nazaré em plena comunhão com o mundo, este pudesse ser transformado.

Queria que os membros do Instituto fossem mulheres fortes, dedicadas e generosas que não se poupassem a sacrifícios e vivessem intensamente no amor a Deus e a cada Pessoa.

IRRADIAR O AMOR DE DEUS EM QUALQUER AMBIENTE À SEMELHANÇA DA SAGRADA FAMÍLIA DE NAZARÉ

... E A SEMENTE GERMINOU, COMO SOL DO AMOR...

... O SOL DA ENTREGA TOTAL...

No dia da Sagrada Família, a 26 de Dezembro de 1976, a Família de Nazaré, que ele tanto amou e difundiu durante toda a sua vida, veio buscá-lo para o entregar nos braços do PAI.

... Entretanto deixa na terra o Sinal visível do seu Ideal...

... O Instituto Secular da Sagrada Família...